HORA MORTA    

Todas as noites entro no meu quarto
sem a mão que me dás durante o dia...
sinto-me sòzinho, mas não triste,
que triste só me sinto ao pé de ti!

Trago nos olhos a luz do teu olhar,
trago na alma a cor do teu sorrir,
trago comigo um pouco to teu ser
(… que o teu coração 'stá em mim)...
Como és bela no espelho dos meus olhos,
quando te levo pela mão dentro da noite
e calas as palavras tão comuns
que tu sentes,
mas não há outra maneira de as dizer
que o mundo não tenha usado
e a poesia abusado!
Sinto-me leve pela tua mão
com que me guias nos passos que eu decido,
no silêncio que construo
à volta das palavras tão comuns
que o mundo já tem usado
e a poesia mentido!

E é assim que adormeço...

© PEDRO LARANJEIRA