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PÁGINA PESSOAL DE PEDRO LARANJEIRAESTRIAS

As estrias, pela primeira vez referidas pela medicina em 1773 (Roereder), então associadas a mulheres grávidas, foram até 1982 consideradas como cicatrizes, o que um estudo histológico de Pieraggi provou ser errado, dada a diferente constituição das suas fibras colágenas, substância fundamental amorfa e fibroplastos.

As estrias são uma atrofia tegumentar adquirida, de aspecto linear e algo sinuoso, inicialmente avermelhadas evoluindo depois para uma cor esbranquiçada e mais tarde brilhante ou nacarada.

Independentemente da sua quantidade, dispõem-se paralelamente umas às outras e perpendicularmente às linhas de fenda da pele, o que significa que são, em rigor, uma lesão dérmica. Esta lesão caracteriza-se por uma atrofia, ou diminuição de espessura da pele, resultando em adelgaçamento, secura, formação de pregas, perda de elasticidade e rarefacção de pelos. A estria é bilateral, desenvolve-se em simetria para a ambos os lados.

Estudos controlados relatam que o aparecimento de estrias ocorre, em média, nas seguintes proporções: adolescência 45,5%, obesidade 30,5%, gravidez 19,5%, medicamentos 4,5%.

Situam-se principalmente em zonas de maior alteração tecidular, como glúteos, seios, abdome e coxas.

A medicina tem-se mostrado quase indiferente a esta afecção, considerando-a um mero factor estético.

Mais recentemente, porém, a postura já quase universalmente aceite de que saúde não é apenas a ausência de doença mas o bem estar físico e psíquico da pessoa, a estria passou a ser olhada com mais atenção e respeito.

No entanto, como em muitos outros aspectos do nosso conhecimento científico, este contém ainda grandes lacunas que a etiologia não compreende e a que a terapêutica não dá resposta.

Consideremos primeiro a etiologia:

As estrias foram inicialmente tidas como um factor meramente mecânico, provocado pelo estiramento da pele, devido a um crescimento acelerado, como se verifica na adolescência, durante a gravidez ou num rápido aumento de peso e volume. Daí o nome, "striae distensae", em inglês "strech marks" (marcas de estiramento).

Não restam dúvidas, porém, que uma das causas reais do aparecimento de estrias é o estiramento da pele e consequente perda de fibras elásticas.

Mas isto não explica o historial conhecido do fenómeno. Para além das razões mecânicas, é necessário tomar em consideração os factores de natureza endocrinológica que explicam o aparecimento de estrias.

Existe uma clara influência hormonal em certas incidências deste processo, caracterizada por uma elevada actividade esteróide relacionada com alterações das hormonas sexuais, como ocorre durante a adolescência.

Estrias aparecem por vezes na sequência de uma forte estimulação cortical, quer por razões naturais quer por aplicação exógena de cortisona.

Isto significa que os casos registados que associam (erradamente) o aparecimento de estrias a doenças como febre tifóide ou febre reumática não têm que ver com as patologias e sim com as drogas usadas para as tratar.

Por outro lado, também o stress da vida moderna pode contribuir para o aparecimento de estrias: uma actividade física stressante aumenta os níveis de cortisol e, embora as consequências exactas da libertação de glicocorticóides na fisiologia humana seja ainda um mistério para a medicina, sabe-se que aquele, juntamente com as catecolaminas, é, por excelência, a hormona do stress.

De notar, portanto, que quaisquer tratamentos cutâneos com produtos que contenham corticosteróides, sejam cremes, pomadas ou quaisquer outros, incluindo anabolizantes, pode facilitar o aparecimento de estrias.

O uso excessivo de cortisona inibe o tecido conjuntivo dérmico e interfere na cinética das células epidérmicas, o que provoca atrofia cutânea e, portanto, a formação de estrias atróficas.

A aplicação tópica deste tipo de produtos deve ser evitada a todo o custo, tanto mais que a sua absorção é inexorável: a lavagem da pele, com água ou sabões, aumenta ainda mais os níveis de absorção. Outro factor propiciante é o uso de contraceptivos orais, que diminuem a capacidade do fígado em metabolizar o cortisol.

Seja o que for que desencadeia o aparecimento de estrias, este relaciona-se sempre com a presença de cortisol no sistema.

O processo pode ser assim descrito: a hormona esteróide, denominada "17-cetoesteróide", que é o principal andrógeno adrenal, actua sobre o tecido conjuntivo, aumentando o catabolismo proteico e influencia a célula formadora das fibras e da substância fundamental amorfa, o fibroplasto. A acção desta hormona sobre o fibroplasto provoca a diminuição do volume e número de elementos da pele, daí a atrofia denominada estria.

Esta é a principal razão porque nunca se encontram estrias em crianças com menos de 5 a 9 anos, mesmo que muito obesas (a menos que tenham sido medicadas com corticóides) - é porque a secreção da hormona esteróide apenas tem início na puberdade.

Quanto à terapêutica:

Há dois níveis de actuação a considerar na terapêutica de estrias: o seu tratamento e a sua prevenção.

Estas duas situações são completamente diferentes quanto a hipóteses de êxito e resultados possíveis.

O tratamento de estrias é provavelmente o pior calcanhar de Aquiles da Estética, dado que a própria medicina não apresentou até ao momento qualquer solução eficaz que garanta resultados.

Muitas abordagens têm sido tentadas, da electroterapia à dermoabrasão, do laser à escarificação, passando por medicamentos de vária ordem, como tretinoína ou ácido glicólico, tudo para chegar muito próximo da conclusão quase universal de que a estria é uma sequela praticamente irreversível...

No entanto, isto não é nem verdade nem assim tão linear.

Estamos mais uma vez perante um daqueles impasses da ciência em que a teimosia técnica aponta para um remédio que produza uma acção mecânica directa, o que nem sempre é possível nem lógico, em relação à complexidade do corpo e da fisiologia humana. Daí a inevitável confissão de fracasso.

Novas áreas de conhecimento e um tipo completamente novo de mentalidades abrem perspectivas de natureza diversa quanto à forma de lidar com alterações físicas ou fisiológicas.

Esta situação leva-nos a pensar em alguns dos grandes impasses da medicina, nomeadamente em relação a males tidos como incuráveis, alguns fatais, como é o caso da esclerose múltipla, onde a causa da doença é a degeneração da mielina e a ausência de cura é a incapacidade técnica de a sintetizar ou fazer regenerar… e se parássemos por um momento para pensar que, a despeito de a ciência não o saber, temos perfeitamente ao nosso alcance um meio que o sabe: o corpo humano.

Porque então, ao invés de procurar um agente externo que produza a substância ou aja sobre ela, não tentar, simplesmente, encontrar um meio de estimular o próprio organismo a fazê-lo...?

Esta uma abordagem cada vez mais rica em adeptos, com horizontes que incluem todas as potencialidades que desconhecemos ainda sobre a fisiologia humana.

No momento actual da ciência, esta parece ser a melhor, senão a única, forma de lidar com uma disfunção física que tanto a estética como a medicina falham em solucionar por processos químicos, mecânicos ou eléctricos.

De todas as intervenções até hoje tentadas para reduzir estrias, aprendeu-se que só há melhoras quando se verifica uma situação: a hiperemia da zona afectada. É óbvio que isto não provoca qualquer alteração, mas permite, isso sim, que os tecidos fiquem preparados e mais receptivos para a absorção e disseminação de produtos destinados a estimular a regeneração dérmica que o organismo não consegue sem ajuda.

Portanto, estamos perante duas necessidades: provocar uma inflamação das zonas afectadas e encontrar produtos que, aproveitando-se dessa vasodilatação, penetrem profundamente nos tecidos e neles produzam efeitos que alterem a atrofia.

Antes de mais, a vasodilatação deve situar-se dentro de níveis inflamatórios não patológicos para, sem lesar a derme ou a epiderme ao nível de sangramento (o que implicaria o uso de fármacos antimicrobianos e analgésicos, que não competem ao terapeuta de estética), provocar a dilatação das arteríolas pré-capilares, alargamento dos esfíncteres capilares e dilatação das vénulas, processo que ocorre por esta ordem em situações de hiperemia.

Aquém de métodos mecânicos como dermoabrasão ou electroterapia com agulhas, que são invasivos e violentos, este efeito consegue-se com a aplicação de produtos naturais, mais suaves e menos localizados, o que torna maior a zona de abrangência da intervenção, melhorando o nível e a uniformidade dos resultados.

O tratamento deve, pois ser iniciado com um produto que cause hiperemia, podendo associar-se-lhe um conjunto de acções que dependem dos métodos de cada terapeuta, como envolvimento em faixas, manta de sudação ou outros, durante um período calculado para preparar os tecidos para absorção das substâncias escolhidas para intervir na área com estrias.

Depois devem usar-se produtos que estimulem a regeneração dos tecidos: neste campo, têm sido obtidos resultados visíveis com a aplicação de substâncias como Centelha Asiática ou Silício Orgânico, cuja acção pode ser potenciada por uma dose criteriosamente calculada de cafeína no produto.

Qualquer destas substâncias, em fórmula sensata, é inócua para adolescentes ou gestantes, pelo que é segura.

É por estímulo destas substâncias que o tecido colágeno, a derme e a epiderme se regeneram, processo que pode ser lento mas é inexorável e, acima de tudo, natural.

A redução de estrias é tanto mais demorada quanto a sua cor avermelhada inicial passou já a branco.

Por outras palavras, quanto maior for a idade da estria maior será o tempo necessário para agir sobre ela - mas isto passa-se também, embora a outros níveis, com situações como a da gordura ou celulite.

O cerne da questão está em que não basta escolher um bom agente regenerador, é necessário inflamar a zona onde irá aplicar-se, para permitir a sua penetração profunda nos tecidos circundantes.

Sem isto, a estria não mudará nem em estrutura nem em dimensão, pois o tecido que a constitui não tem, em si, qualquer capacidade de reacção a um agente regenerador externo.

O uso directo de produtos como colagénio marinho ou elastina, apenas embeleza a epiderme temporariamente, dado que as suas moléculas são demasiado grandes para atravessar a derme - daí ser necessário abrir novos canais de penetração a agentes externos cuja aplicação se pretende que actue a níveis mais profundos.

Quanto à prevenção: evitar o aparecimento de estrias é um processo fácil e relativamente simples de garantir.

À semelhança da poluição, que ao invés de se combater deveria evitar-se, as estrias devem e podem ser evitadas antes de se instalaram e passarem a ser um mal extremamente difícil de alterar.

O mais básico dos cuidados é manter a pele permanentemente hidratada: uma pele "bem alimentada" é saudável por natureza e metabolicamente estável.

Num estudo com dois grupos de gestantes, um que hidratou a pele ao longo do processo, outro que não o fez, verificou-se que durante o período de gravidez contraíram estrias 33% do primeiro grupo e 89% do segundo.

A ciência sabe pouco sobre a relação exacta entre a hidratação da pele e as suas propriedades mecânicas, mas a prática demonstra inequivocamente que ela existe e é importante.

Para além da simples hidratação, porém, podem escolher-se produtos que acumulem pelos seus componentes substâncias que estimulem a regeneração celular, como, por exemplo, o silício orgânico.

Usados numa base regular, garantem quase universalmente uma vida inteira sem o aparecimento de estrias.

Numa palavra, não estamos perante um papão de inalterável fatalidade, mas uma situação que tem duas faces: evitar estrias é relativamente fácil e é uma atitude que deve ser adoptada desde a adolescência; esperar que se instalem e querer depois ver-se livre delas é extremamente difícil e pode demorar anos, senão o resto da vida...

© PEDRO LARANJEIRA


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