(a uma criança que nunca compreenderá o que eu escrevi...)

Se a ternura agarotada e violenta
que me deste apenas num olhar
dimensionasse, uterina, a placenta
duma abstracção que viesses a gerar,
e rompesses assim a falsa virgindade
da criança-adulta que eu hoje vi em ti,
dando à luz, desse parto tão falho de verdade,
uma criança-sonho, imagem vaga de ti...

Gostava de poder chamar-lhe loira...
Gostava de poder chamar-lhe filha...
e não te esquecer, Toni !

© PEDRO LARANJEIRA