Sabes tu, mulher, o que fizeste
ao meu sonho perdido, sepultado?...
Reparaste acaso no calor
que acendeste no meu olhar gelado?...
Farás ideia tu do que vai ser de mim
quando desfeito em cinzas for por fim
este sonho, quem sabe se o derradeiro
de quantos sonhos de amor sonhei em vão?...
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Toda a ternura perdida que vivi
e morreu, que partiu de ao pé de mim,
voltou nos teus olhos de criança-grande
a embalar o sonho fugidio
que julgava vencido para sempre!
Tu incendiaste de novo o meu viver,
relembraste a ânsia de carinho
que eu tinha já afogado!...
… e agora… de ti, apenas um adeus...
… e partes, sem mim, p'ra outro lado!...
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Adeus, então, amor, que se eu tentar esquecer,
será apenas a dor de te não ter!...

© PEDRO LARANJEIRA