Ah carraça ensanguentada que sugas a vida alheia
como se fosse um direito que te assiste, parasita,
aprende a lição sem voz necrofágica e final
que as rapineiras te ensinam
voando por sobre os mortos:
rouba tudo o que quiseres em movimentos furtivos
abusa homens, mulheres e quantos te apetecerem
mas só depois de morrerem,
não enquanto inda estão vivos!
Gaifona de abutre podre, camilonga pantanosa,
vomitadora nojosa de sorriso enganador
poupa o ar que nos respiras
sonegado a quem precisa
e vai defecar o pus no longe de não seres vista
a contaminar a grei com teus venenos nocivos.
Quanto desprezas bem sei, a carne dos teus abortos,
tanto mais que não estão mortos,
tanto mais que inda estão vivos!
Foraminosa megera vestida de borboleta
e engalanada de peles dissecadas do massacre
regressa ao antro aviltante que te sarjou a medula
contagia-te a ti própria, faz dessa pústula em que habitas
a mortalha que defina o que os teus ódios merecerem
e se ainda assim voltares com teus vícios opressivos
contra os que não te entenderem,
fá-lo só quando morrerem...
não enquanto inda estão vivos!