AMIGA DESCONHECIDA          
(à Nela Lobo)        

Nela,
Deixa que a minha mão
te pouse sobre a cabeça
e os anjos cantem poemas
ao instante que acontece!
Eu vi os teus olhos hoje
e uma vez mais em negro
desdobrou-se o meu olhar...
Só hoje é que os vi, irmã,
que só hoje desejaste
deixá-los enegrecer
na matiz da minha noite
(…que é afinal nossa noite,
já que somos ambos puros,
já que ambos somos virgens
e nos vivemos sofrendo
a mesma esperança vã
da mesma louca ilusão)!
No que te não compreendo,
sê pura, apenas, irmã
e eu serei teu irmão!

© PEDRO LARANJEIRA