(para a Mavi, durante um whisky na noite)

Jamais dirás que te dei
um só átomo de mim.
Porque juro, não darei
(não gostarias assim).
O que calhar será teu,
por acaso-ocasião,
mas não peças o que é meu,
que esse é secreto e não voa
de mim pra mais ninguém.
Ternura, dou-te de longe,
na cama não creio em ti...
e na vida, somos nada...
… não sonhes com coisas vãs!
Acima de tudo, amiga,
passo por ti na corrida,
olho-te e nunca paro;
mas se te falar a sós
é à imagem rasgada,
feroz, dessa solidão
(isso sim, eu gosto em ti)...
de resto, apenas os corpos
s'interpõem entre nós
e falam por mim, Mavi!

© PEDRO LARANJEIRA