...hei-de contar aos meus netos
que um dia tive o amor de um poeta
...um amor que não tive forças para carregar !
   

Hoje que partiste, como o vento,
ficou do teu rasto a solidão
gasta, devastada, velha e tão cansada
...a falta da tua mão!
Medida inevitável do tormento
desta maldita condição
é o justo desalento
de te ver rumar à linha de um horizonte
que não vi, não percebo, nem sei sequer se desejo...
mas foste...
e queimaste a ponte...
deixaste-me um curto beijo,
despedida,
cruel marca da partida
de mais um sonho sonhado,
de mais um sonho acabado
no sopro fugaz da vida!

Eu sei que não te mereço
e é justo ficar assim,
foi aquilo que eu pareço
que te enganou sobre mim...
Hoje acordaste, afinal,
e viste a besta anormal
em que a vida me tornou
pelos pecados que fiz!

Parte, amor, parte sem dó
deste arbusto sem raiz
que sem dar fruto secou!
…porque eu mereço estar só...
mas tu tens que ser feliz!

© PEDRO LARANJEIRA