GOSTOS          

Ouviu bater, loira e pura,
timidamente, na porta ...
Arranjou-se, com candura,
que ser toda boa importa!

E quando viu quem batia,
que p'ra ela era um tesouro,
acordou dessa apatia
de sonhos com língua d'ouro.
Ele entrou, tirou a roupa,
já crescido o seu cacete...
Fodeu para aquecimento
e atirou-se ao minete ...
Lambeu com gosto a miúda
até a ver consolada ...
depois de lhe perguntar
se tinha a cona lavada!...
E no fim, realizado,
foi à bacia, lavou-se:
sim, qu'estava lambuzado,
fosse lá por o que fosse!
Saiu então para casa,
debaixo de chuva intensa.
Levava na boca um gosto
de satisfação imensa !...
E no sono calmo e santo,
produto de tal conduta...
sonhou, ainda, o minete
com que fez vir uma puta...

© PEDRO LARANJEIRA