Sinto triste a dor de não poder
(ou talvez que seja não saber)
de palavras tirar a minha dor...
pr'ó papel passar o meu amor,
porque só no papel eu creio nele...
Tanto que'escrevi que já secou
a fonte farta da palavra vã!
Foi algo que em mim já se acabou,
ideia tosca da visão anã
dessa tanta beleza que perdi...
...e se foi... assim... deixando em mim
esse travo a fel do não poder
(ou talvez que seja não saber...)
cantar a loucura do amor,
entrar pouco a pouco no calor
do sonhar sem fim...
do ter aqueles loucos ideais
que nos tempos doutrora havia em mim
e num erro atroz se fundiram por eu ter
feito a asneira maior que pode haver!...
- Sabes o que foi, papel, meu antigo companheiro?...
...Amei, loucamente, uma vez mais!
Deixei nascer de novo os ideais
que tinha já enterrado em podridão
num longo e triste préstito de cão...
E assim, sinto agora não poder
(ou talvez que seja não saber!)
cantar a beleza dess'amor
em que eu nunca acreditei,
mas com que sempre sonhei...
Que desejo tenho de poder,
que vontade busco de saber,
como outrora pôr o meu pensar
nas linhas a quem quero confessar
a vida
que me prega tal partida...
Posso jamais voltar a conseguir,
e também achar de não poder
(ou talvez que pense não saber...)
como de novo cantar...
mas nesta dor vou sorrir...
pegar na vida... e tentar!...
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