40 ANOS SEM TI...  
(para a Nora Vilar)  

Não passaste sem me ver...
...assim o destino o quis!
...e eu, cego, introvertido,
de ti sempre tão escondido,
levei uma vida a amar-te
sem medir o que sofri,
sem entender que sofreste,
sem peceber que perdi
o que tu nunca esqueceste...
...mas não segui sem te ver
(assim o destino o quis)
e o nosso passado unido
de sonhos inconfessados
inundou agora a praia
destes segredos guardados...
Somos os dois já tão velhos
como velhas as memórias
dum vulcão adormecido
com medos desenterrados!
Restam-nos hoje as histórias
que não partilhamos nunca
e o trilho que a ambos junca
a senda da nossa idade!
Tenho uma enorme velhice
de tudo o que não te disse
... e de ti... eternamente...
o futuro, que é presente...
... desta infinita saudade!

© PEDRO LARANJEIRA