PÁGINA DE IMPRENSA DE PEDRO LARANJEIRA 11 abril 2009

AVENTURAS AO AR LIVRE

NUM PAÍS DE MIL ENCANTOS

Da beleza agreste do Gerês à planície alentejana, das neves da Serra da Estrela aos recantos idílicos do litoral algarvio, do misterioso Buçaco aos rios e ribeiras prateadas que correm por entre bosques rumorejantes, há de tudo neste tapete lusitano, desde cidades ultra-modernas a aldeias medievais, desde riquezas artísticas de história perdida na bruma dos tempos a patrimónios legados por mouros e romanos, por celtas ou outros povos de quem nem o nome nos chegou, passando de megalitos pré-históricos a uma arquitectura ultra-moderna.

Tudo isto enquadrado por um dos povos mais hospitaleiros do mundo!

Temos uma riqueza imensa, de variedade inesgotável. Nem é preciso fazer grandes planos de longas férias, para beber os encantos deste país: podem viver-se em Portugal experiências que nunca esquecerão e não precisar, às vezes, de mais que umas horas para as concretizar.

Nada de mais rico temos ao alcance da mão que a própria natureza, no melhor clima da Europa - e é nela que podemos encontrar momentos de grande prazer, que enriquecem o corpo e a mente.

De entre mil exemplos ao alcance da mão, vejamos o que pode ser um dia bem passado no coração do país, perto de Coimbra.

O Mondego é um rio de surpreendente beleza, que da Serra da Estrela à Figueira da Foz serpenteia por entre margens férteis de vegetação luxuriante, águas límpidas na maior parte do curso, um ar que dá gosto respirar.

Muita gente experimentou já o descanso de olhar para as águas do Mondego na tranquilidade de um piquenique algures sobre a relva, ou mesmo no conforto civilizado do Centro Náutico do Parque Verde, em Coimbra, ao lado da curiosa ponte Pedro e Inês. Outros fizeram a viagem de uma hora no famoso "Basófias", um bateau mouche que se passeia ao longo da cidade-estudante.

Menos pessoas, no entanto, poderão dizer que foram mais além e exploraram os encantos do rio bem no interior selvagem do seu percurso por entre montes e vales. Essas, não imaginam o que têm estado a perder...

Não há melhor forma de viver esta aventura que esquecer as margens e deixar-se abraçar pelas próprias águas do rio, sobre elas, com elas, ao longo do seu percurso sinuoso rumo ao mar.

Consegui-lo implica uma espécie de iniciação à canoagem.

Para quem nunca experimentou, podem colocar-se dúvidas quanto à dificuldade, segurança, equipamento, ou mesmo aprendizagem e apoio, mas tudo isso tem respostas ao alcance de qualquer um.

Para começar, não oferece qualquer perigo nem requer boa preparação física.

Nos locais onde se pratica, o Mondego tem uma corrente suave, águas baixas e sem rápidos.

É um passeio em que o cansaço de remar é mais leve que seria o de caminhar.

Quanto a equipamento, existem várias empresas que oferecem o serviço, incluindo tudo quanto é preciso, desde a canoa e os remos ao guia e professor, sem esquecer o seguro, obrigatório para este tipo de actividades.

Um programa básico para principiantes consiste em conduzir até à Praia Fluvial de Misarela, entre Coimbra e Penacova, que tem um extenso parque de estacionamento onde pode deixar-se o carro. Atravessa-se então o rio por um pontão de madeira e sobe-se a rampa do outro lado, até

à Estrada Nacional 110, junto a uma placa que diz "Praia Fluvial - Acesso Pedonal" - são cinco minutos a pé. Desse local, partem autocarros que nos levam vinte quilómetros rio acima, onde uma fila de canoas já apetrechadas nos espera.

Depois de uma breve sessão de formação em que tudo é explicado a partir de zero, embarcamos e começa a aventura.

As canoas são "sit-on-top", o que significa que se navega sentado sobre elas e não dentro, ou seja, nunca podem inundar. É uma invenção da Rotomod, que acrescenta completa segurança a este desporto e o transforma numa agradável forma de lazer.

Há canoas para uma pessoa só, embora o normal seja de duas, com a possibilidade de levar ainda uma criança.

Toda a gente vai com coletes salva-vida e existe a bordo um pequeno contentor estanque, para que os objectos pessoais não se molhem.

Finalmente, é-se instruído na arte de manejar a "pagaia" - um remo duplo, de desenho inteligente e muito fácil de usar.

Começa aí a viagem, sempre acompanhada por um ou dois monitores, que servem de guias e apoiam os participantes em todas as fases do percurso.

A viagem é de uma beleza inesquecível, porque o rio o é também. Natureza no seu mais puro!

Os "rápidos" pouco mais força têm que água a correr na banheira, pelo que não é necessária qualquer experiência anterior. O passeio tanto serve de iniciação para quem nunca experimentou, como de prazer para quem já o fez e o repete vezes sem conta.

A meio do percurso, somos surpreendidos com uma cortesia dos organizadores, que nos fazem acostar a um banco de areia onde entretanto fizeram chegar uma mesinha com bebidas e guloseimas. Portanto, nem o piquenique fica de fora.

Rio abaixo de novo, viaja-se ao longo de mais de 15 kms, durante quase três horas. A"civilização" do dia-a-dia parece pertencer a outra vida - são férias, nem que apenas durante umas horas.

O destino: a praia fluvial onde deixámos o carro.

Ali, pode tomar-se banho, comer, descansar ou, muito simplesmente, nadar e apanhar um banho de sol: fazer praia.

Os mais exigentes, no entanto, podem descer ainda 4 km até à Ponte da Portela ou ir mesmo até ao Centro Náutico do Parque Verde em Coimbra. Mas isso exige já algum treino e um mínimo de preparação física. Depois desta experiência, é quase sobre-humano não se ficar com a tentação - e o projecto - de repetir a aventura, mas de uma forma completamente diferente, nova e única: voltar a fazer a descida, mas em noite de Lua Cheia!… O serviço existe, a avenura é uma memória para o resto da vida!

Falta um dado: qual é o preço de um "pacote" destes, tudo incluído?...

Pois bem, custa 20 euros!

Não valerá a pena?...

Há muitas "aventuras" deste tipo espalhadas pelo país. Falta a muitos de nós reparar que existem… e aproveitá-las.

Outros rios são palco de coisas destas, para além de programas de muitos tipos, incluindo escalada, queda livre, caminhadas, mergulho, a oferta é imensa.

E por cada minuto que se vive na entrega a estes pequenos momentos de felicidade ao alcance da mão, ganha-se um fôlego de ânimo renovado e fica-se, no património da vida, com mais um dia em que as horas foram de alegria pura!

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© PEDRO LARANJEIRA
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