PÁGINA DE IMPRENSA DE PEDRO LARANJEIRA 20 dezembro 2008

INCLUSÃO DIGITAL

QUE FUTURO?...

O CRID ( Centro de Recursos para a Inclusão Digital ) foi objecto de reportagem da Perspectiva quando abriu as portas quatro meses antes do prazo previsto para o seu nascimento.

Fruto do planeamento e trabalho de uma Professora de Ensino Especial, Célia Sousa, uma mente tão à frente do seu tempo que tem sido convidada para ensinar as bases do projecto um pouco por todo o mundo, é uma iniciativa pioneira que visa permitir às pessoas com necessidades especiais (desde deficientes profundos a pessoas com capacidades diminuídas ou na terceira idade) o acesso pleno à Sociedade de Informação e ao mundo da Internet. Tudo começou pela criação na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Leiria (IPL) de um espaço informático equipado com materiais de alta tecnologia, inicialmente subsidiado por fundos europeus e que rapidamente granjeou parcerias que têm garantido a sua sustentabilidade.

Dois anos depois do arranque, quisemos fazer o ponto da situação e saber qual o futuro que se desenha, pelo que voltamos ao contacto de Célia Sousa, a quem o perguntamos.

- "Bom, o CRID está neste momento a correr sobre rodas! Somos procurados de toda a parte do país para efectuar avaliações, houve alunos que desenvolveram já trabalhos com muito crédito na área da investigação, incluindo dois softwares desenvolvidos que vão mesmo ser comercializados e em abril vamos editar um livro inclusivo para crianças.

O IPL continua a assumir o CRID com um seu projecto de apoio à sociedade, em que investe e cujas despesas suporta, de que o último exemplo consistiu em colocar em serviço uma colaboradora para me apoiar no trabalho. Existe um projecto de parcerias, entre os Ministérios da Educação e da Ciência e a breve comercialização dos softwares que produzimos será um bom princípio de sustentabilidade para nos começarmos a auto-financiar.

Contamos também, num futuro próximo, com a aliança de algumas empresas que nos facilitarão o progresso.

O Ministério da Educação tem criado pequenos centros, mais pequenos, ao longo deste ano, para o que tem contado com o auxílio do CRID e da sua experiência, mas o que o mantém de pé é o IPL.

O Instituto Nacional de Reabilitação tem-nos dado todo o apoio e hoje em dia o CRID é reconhecido como um centro de grande valor para a sociedade, tanto nacional como internacionalmente.

O ideal seria criar mais dois ou três semelhantes, que coordenassem os mais pequenos, que estão a ser criados a nível das capitais de distrito, e fossem interligados numa rede nacional.

Por outro lado, o IPL tem sido cada vez mais solicitado para dar formação nesta nova área.

Com o que já fizemos, com mais de três mil pessoas auxiliadas, com os contactos internacionais em curso e com todas as iniciativas em que estamos envolvidos, tenho a certeza que o CRID fará com a sociedade fique melhor, nada será igual.

O próprio IPL mudou, as Bibliotecas do IPL têm já software para pessoas cegas, temos uma intérprete de língua gestual na Escola Superior de Artes e Design das Caldas, para uma aluna surda, e até, em época natalícia, os Postais de Natal são pela primeira vez impressos em Braïlle.

Posso dizer que o IPL é uma Instituição que mudou por um projecto!

Também Portugal, no que toca a legislação relacionada com acessibilidades, lidera claramente, a nível mundial. Acho que contribuímos para que a sociedade passasse a ver a deficiência de um modo diferente!

Uma nota de rodapé, como curiosidade: o artigo inicial da Perspectiva sobre este tema foi uma reportagem da nossa correspondente em Leiria, Sara Santos, uma jovem em fim de curso que, então e por esse motivo, se apaixonou de tal modo pelo projecto que nele de imediato se integrou e dele fez o seu início de carreira, sendo já, depois de Célia Sousa, a primeira pessoa com formação técnica específica nesta área. Se foi uma perda para o jornalismo, foi decerto um ganho para uma causa nobre e disso, como participantes e causadores, nos orgulhamos.

Sara Santos é já, entretanto, mentora de um projecto de Ludoteca, que futuramente merecerá a nossa atenção e aponta para uma área de insubstituível urgência: a das crianças com necessidades especiais.

Quanto a Célia Sousa, a maior dificuldade que tivemos foi agendar um momento possível para a conversa: a agenda que abraçou é já de tal modo densa que as solicitações ultrapassam a sua capacidade humana de resposta… não que o seu sorriso contenha qualquer vestígio de contrariedade ou o seu olhar consiga esconder o orgulho de ter iniciado uma senda que nunca terá fim, uma cruzada de futuro incalculável, a que se entrega com alma, corpo... e competência.

fotos Leonel Brites

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© PEDRO LARANJEIRA
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