| PÁGINA DE IMPRENSA DE PEDRO LARANJEIRA | |
10 maio 2008 |
"A nova proposta de Lei é uma imbecilidade produzida por quem não entende nada, mas rigorosamente nada, de cães!"
Tito Serrão, criador registado.
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Tito Serrão é profissional de saúde, Director de uma Clínica Médica e também criador de Rottweiler, Doberman, Dogue Argentino e Fila de São Miguel. Está registado no Clube Português de Canicultura e possui o "Afixo" de "Quinta Tillion" (um "afixo" é o registo oficial de um criador reconhecido, que lhe permite colocá-lo como "apelido" dos seus cães).
Uma visita à Quinta Tillion, nos arredores de Grândola, proporcionou um longo e afável convívio com várias das raças que assustam tanta gente e, no entanto, receberam com imediata aceitação e enérgica aprovação de rabos os visitantes que nunca tinham visto antes.
Proporcionou também fortes afirmações de um criador com muitos anos de experiência, cujo primeiro comentário apontou, desde logo, o dedo aos políticos:
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- "A maioria dos governantes nem sequer sabe, na maioria dos casos, distinguir as raças de cães, muito menos as suas características genéticas! É pura ignorância de senhores que deviam estar calados em relação aquilo de que não sabem e, ao invés, vão legislar para a Assembleia da República. Deviam deixar os assuntos de cães para quem deles entende, ou seja, Criadores, Clubes de Canicultura e Direcção Geral de Veterinária."
Tito Serrão colocou o dedo em várias feridas e explicou quais são os factores que deveriam ser tomados em consideração e quais são as más interpretações ou mesmo desinformação que chega a público.
O QUE É UM CÃO PERIGOSO
Para começar, um "Cão Perigoso" é um cão que pelo menos uma vez tenha mordido alguém. Essa definição está correcta, mas… aplica-se virtualmente a todas as raças, porque todos os cães têm dentes, logo todos podem morder. Portanto, a definição deveria acrescentar a frase "independentemente da raça".
Definiram-se como raças potencialmente perigosas as dos animais que possuem uma mandíbula poderosa, capaz de causar danos… o que Tito Serrão diz ser ridículo:
- "Até um caniche, em relação a uma criança de tenra idade, pode matar - o que já aconteceu! Há mais relatos de Caniches, Pinschers e Yorkshires que morderam os donos, amigos e crianças, por ciúme, que sobre Rottweilers ou Dobermans.
A mordedura de um cão pequeno não causa os mesmos danos que a de um animal de grande porte, mas não pode haver descriminação com base no tamanho, antes, sim, no carácter do animal… o que nos faz bater na tecla dos pseudocriadores..."
OS GRANDES CULPADOS
Os grandes culpados são os "maus donos".
Há dois tipos: o "mau" e o "mal informado".
Mau dono é aquele que maltrata o animal ao longo da sua vida, com especial ênfase nos primeiros anos.
Entenda-se como maltratar punir sem lógica, gritar, bater, não alimentar convenientemente, não fornecer água em quantidade adequada, acorrentar, manter em local sem visibilidade para outros espaços, não sociabilizar o animal levando-o a conviver com pessoas ou outros animais, da mesma raça ou diferentes, faltar-lhe com cuidados de saúde, vacinação e desparasitação ou utilizá-lo em lutas ou outros desportos onde sofra danos físicos ou psicológicos.
Tito Serrão conclui com uma afirmação forte, num tom de voz que não vacila: "Um mau Cão num mau dono será sempre um mau Cão. Um bom Cão num mau dono nunca será um bom Cão!"
NÃO HÁ CÃES PERIGOSOS
HÁ, SIM, DONOS PERIGOSOS
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O criador vai mais longe e diz mesmo que "Há pseudo-criadores ilegalmente perigosos!"
Depois de descrito o "mau dono", passa a caracterizar o "mal informado", que define essencialmente como aquele que procura um cão de determinada raça, ao melhor preço que consegue, sem verificar (ou sem saber fazê-lo) a sua ascendência ou mesmo, efectivamente, a sua raça.
Um dos problemas do "cão barato" tem sido a facilidade com que se abandona quando dá algum incómodo.
Outra suspeita a ter em relação a um "cão barato" é a sua origem e os cuidados de que foi alvo até chegar ao novo dono.
217 994 796 - TUDO ESCLARECIDO
Quem tem competência para criar cães é um Criador. Ele tem que passar por várias fases para o poder ser e deve estar registado no organismo que regula esta actividade, o Clube Português de Canicultura (CPC).
Um dos cuidados que deve ter quem queira adquirir um cão é telefonar para o número acima, do CPC, e obter, gratuitamente, todas as informações sobre o criador responsável pelo animal.
Se isso não produzir resultados, há que suspeitar. Um pseudo-criador obtém animais com vista ao lucro, cruza sem regras, por vezes em situação de consanguinidade, mães com filhos, irmãos com irmãs, sem tomar em consideração a idade dos pais, o intervalo entre duas ninhadas da mesma fêmea ou os cuidados de saúde a ter com os cachorros.
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OS PSEUDO-CRIADORES
Um pseudo-criador explora uma cadela do primeiro ao último cio, quando nunca se deve deixá-la engravidar antes do terceiro, ou seja, em plena maturidade física e psicológica, bem como observar dois cios de intervalo entre ninhadas e não procriar depois dos 10 anos de idade. O CPC não permite o registo de mais de sete ninhadas em toda a vida de uma cadela.
Claro que um cão obtido de um criador é mais caro. Isso deve-se a uma série de cuidados, que incluem a submissão dos pais a um teste ZTP, efectuado por juízes credenciados do CPC para despiste de defeitos genéticos, de carácter ou conformação.
Só animais que passem este teste são aptos como reprodutores e garantem ausência de agressividade nos genes dos cachorros, que são depois vacinados, desparasitados e chipados.
- "São os pseudo-criadores, que existem às centenas, os verdadeiros responsáveis pela introdução no mercado dos ditos "cães perigosos".
NOTÍCIAS FALSAS
Tito Serrão acusa a comunicação social de "mau jornalismo" na difusão das notícias que têm vindo a público sobre ataques de cães.
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Segundo afirma, não se tem tratado de cães das raças mencionadas, mas de "rafeiros", ou cães "parecidos", sem "LOP" ou "Pedigree"- por outras palavras, de cães produto de cruzamentos sem qualquer controlo genético.
Ao que já foi afirmado publicamente, os quatro cães que mataram uma senhora em Sintra não eram "Rottweiler" mas cães "parecidos" ou "aparentados" com "Rottweiler"...
Tito Serrão foi mais longe e, por 36 vezes, sempre que houve uma notícia sobre ataque de cães, telefonou para a
redacção dos respectivos órgãos de comunicação social a pedir moradas e contactos e garante que em nenhuma delas se tratou do ataque de um cão de raça, mas sim de "rafeiros" ou cães de raça indeterminada.
Acusa: "Aos senhores jornalistas cabe a obrigação de rigor e devem limitar as notícias a factos, mesmo que estes sejam 'cão rafeiro atacou...' ou 'cão parecido com mordeu...' a menos que possam dizer 'cão do Canil X - ou do Criador Y', mas nunca 'cão de raça Rottweiler' quando não o é!"
OS "RAFEIROS"
Tito não gosta da palavra "rafeiro", usa-a para explicar os factos numa linguagem que é habitualmente usada nestes contextos.
Ele próprio foi já duas vezes ao Canil de Monsanto, em acções de voluntariado para adopção de animais, e recebeu cães doentes e cheios de cicatrizes, que tratou e conserva.
Esterilizou tanto os machos como as fêmeas porque entende não deverem ser usados para criação, embora lhe mereçam todo o respeito como seres vivos. Sobre eles presta este testemunho:
- "Depois da fase inicial de desconfiança, perfeitamente natural, quando vacinados, desparasitados, bem alimentados e em convívio social com pessoas e outros animais, tornaram-se a minha sombra e amigos eternos. É esse o verdadeiro valor de um animal!"
Na sua "Quinta Tillion", que já atingiu uma população de 48 cães, nunca nenhum mordeu em ninguém.
Cria as raças Rottweiler para busca e salvamento de adultos soterrados em escombros, Dogue Argentino como cães-guia para invisuais e trabalho com crianças ou portadores de deficiência mental, Doberman para detecção de drogas e explosivos e Fila de S. Miguel para busca e salvamento de crianças.
A OPINIÃO PÚBLICA
Num fórum que a TSF abriu ao debate do tema, onde Filipa Castro alerta para o perigo desta nova lei promover o aparecimento de um mercado negro, Patrícia Pereira Pinto, numa "carta dirigida ao governo", fala de "atentado à biodiversidade" e "crime contra o planeta", num texto em que desabafa: "Hitler achava que só devia haver uma raça, o nosso governo acha que deve banir sete!". Pergunta que direito tem um governo de extinguir uma espécie e, apontando que "se está a atacar o animal, não o dono perigoso", termina propondo seis medidas de contenção para o problema:
- quota para criação de todos os cães e gatos, independentemente da raça, de modo a controlar o abandono;
- registo obrigatório e gratuito nas juntas;
- esterilizações gratuitas para quem as solicitar;
- realização de testes psicológicos aos donos e inter-relação com o animal e, em caso de desobediência, obrigatoriedade de frequentar cursos de obediência;
- colocação de microchip em todos os animais;
- criminalização das lutas.
MORAL DA HISTÓRIA
Vem de Tito Serrão e é extremamente simples:
- " Não maltrate o seu animal, porque ele não tem culpa do dono que tem, nem pediu para nascer… e não o abandone, pois ele nunca o abandonaria a si!"
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