Uma das maiores descobertas deste cientista foi uma rocha de 40 toneladas semi-submersa durante séculos, onde achou inscrições de colonos portugueses de há cinco séculos, tendo mais tarde demonstrado a sua influência nos povos e culturas autóctones da América.
Hoje a Pedra de Dighton está preservada, graças aos seus esforços, num Museu nos Estados Unidos, de que existe uma réplica na aldeia portuguesa onde Manuel Luciano da Silva nasceu: Cavião, em Vale de Cambra.
Nesta, pode encontrar-se uma secção inteiramente dedicada à documentação que suporta a portugalidade de Cristóvão Colon, tema do seu livro que tem causado grande agitação na comunidade científica de dois continentes.
A nossa equipa de reportagem, que obteve do Dr. Manuel Luciano da Silva muita da documentação e imagens contidas nestas páginas, visitou a Biblioteca-Museu em Cavião e entrevistou o cientista pelo telefone.
PL - O que é a Pedra de Dighton e que demonstra exactamente?
MLS - Está localizada na Nova Inglaterra, 60 quilómetros a sul de Boston. Pesa 40 toneladas e tem uma superfície lisa de 55 pés quadrados. Na sua face existem inscrições epigráficas que revelam nitidamente a data de 1511, o nome do navegador Miguel Corte Real, os Escudos Portugueses em forma de um "U" e um "V" e ainda quatro Cruzes da Ordem de Cristo com as extremidades em 45 graus.
Estas inscrições portuguesas na Pedra de Dighton têm as mesmas características das inscrições e Padrões que os outros descobridores portugueses deixaram em África e na Ásia.
Os historiadores portugueses têm MEDO da Pedra de Dighton! Porquê? Porque infelizmente NÃO existe em Portugal nenhum EPIGRAFISTA que seja especializado em Epigrafia Portuguesa dos Séculos XV e XVI.
Nenhuma das Universidades Portuguesas oferece Cursos de Epigrafia destes séculos. Têm dos tempos dos Gregos e dos Romanos. É um verdadeiro contra-senso, sendo os Séculos XV e XVI os mais importantes da História de Portugal, durante os quais mais se espalharam por todos os cantos do globo os ícones nacionais portugueses, em pedras, padrões, igrejas e cemitérios. É mesmo de bradar aos céus, uma infelicidade!
PL - Quem é que de Portugal já visitou o Museu da Pedra de Dighton nos Estados Unidos, entre historiadores, políticos, membros do governo ou jornalistas?
MLS - Até agora, governantes de Portugal que visitaram o Museu foi o Dr. Mário Soares, quando veio receber o Doutoramento da Universidade de Brown e o Dr. Jaime Gama, quando era Ministro dos Negócios Estrangeiros.
Prometeram enviar um arqueologista-historiador para examinar as inscrições, mas ainda estamos à espera desse "D. Sebastião"...
Nunca cá veio, de Portugal, Açores ou Madeira, NENHUM jornalista, quer da rádio, TV ou qualquer revista ou jornal, fazer uma reportagem sobre o significado histórico português da Pedra de Dighton!
Felizmente que o Estado de Massachusetts já gastou na preservação do Parque e no Museu da Pedra de Dighton mais de três milhões de dólares.
PL - Como comenta o filme de Manoel de Oliveira fez sobre si e a sua esposa?
MLS - O próprio Manoel de Oliveira já disse que o filme "Cristóvão Colombo, O Enigma" é a obra prima dele. A minha mulher e eu concordamos, porque este filme é muito pragmático. Leva os espectadores a lugares históricos dos descobrimentos, quer em Portugal quer na América do Norte. Isto é muito importante para alertar os portugueses para o valor de Cristóvão Colon, para daqui em diante se virem a realizar documentários científicos baseados directamente em documentos históricos como as Bulas, etc., e no caso da Pedra de Dighton com fotografias directas das gravações epigráficas.
PL - Como têm sido as reacções ao livro sobre Cristóvão Colon?
MLS - Depois que o nosso livro foi lançado, a 20 de maio de 2006, ainda não houve nenhum historiador que o contestasse. O grande público é que continua a consagrá-lo, aumentando muito o número de leitores…
PL - Em que ponto está o plano de fazer uma investigação através de análises de ADN?...
MLS - As análises do ADN às ossadas nos mausoléus estão, infelizmente, bloqueadas por decisão da Ministra da Cultura. O Professor Francisco Corte Real e a Professora Eugénia da Cunha formaram uma equipa conjuntamente com cientistas da Universidade de Granada para realizar pesquisas do ADN nas ossadas do Primeiro Rei de Portugal, mas a Ministra da Cultura reprovou mais uma vez o pedido do Reitor da Universidade de Coimbra.
PL - Enquanto não existem resultados de testes de ADN e com base em todas as outras provas reunidas durante os seus anos de pesquisa, resta-lhe ainda alguma dúvida quanto à portugalidade de Cristóvão Cólon, ou pode dar-se como provada?
MLS - Não temos a menor dúvida que o Navegador era português. (1) As duas primeira Bulas Papais de 1493, sobre a descoberta da América, escritas totalmente em latim revelam o nome dele em português. Não está escrito em latim "Christopher Columbus", nem italiano "Cristoforo Colombo", nem em Espanhol "Cristóval Colon"; (2) A descoberta do Monograma SFZ como sendo as iniciais do nome de Salvador Fernandes Zarco é duma importância extraordinária; (3) A Benção," Deus te abençoe" em hebraico nas últimas doze cartas que ele escreveu ao filho legítimo Diogo Colon revelam que ele era um descendente judeu sefárdico; (4) Mais de 40 topónimos portugueses que ele usou nas Terras das Caraíbas, tudo isto são dados que nenhuma nação no mundo pode contestar.
PL - Quer deixar algum "recado" para a Ministra da Cultura ou para o Governo de Portugal?...
MLS - O meu recado para a Ministra da Cultura é muito simples: "É tempo de reconsiderar a decisão para permitir as pesquisas por cientistas portugueses do ADN nas ossadas que existem nos mausoléus de Portugal".
Mas se me permite tenho mais um recado para a Ministra da Educação em Portugal e para o Ministro da Ciência em Portugal. "Que se crie um currículo para que as universidades nacionais portuguesas oferecem cursos em Epigrafia dos Séculos XV e XVI". Mas, por favor, não façam como o Reitor da Universidade de Coimbra - minha alma mater em Medicina - quando, há vários anos, lhe enviei uma descrição dum currículo de Epigrafia, o Magnífico nem sequer teve a cortesia de acusar a recepção!
Com respeito ao Governo de Portugal? Mandei convite ao Presidente Cavaco Silva, antes de ele vir à Nova Inglaterra, para visitar o Museu da Pedra de Dighton -- o maior símbolo da emigração portuguesa na América do
Norte -- mas Sua Excelência passou a duas milhas de distância e não lhe ligou importância nenhuma.
Também não acusou o meu convite.
Calculo que deve ter sido filtrado por algum dos secretários do Palácio de São Bento...
Paciência!
Quem perde é Portugal! Eu não posso fazer mais!