Cinco séculos depois das viagens épicas começadas em 1492, estão descobertas evidências conclusivas sobre a nacionalidade de Salvador Fernandes Zarco, português de Cuba, no Alentejo, mais conhecido pelo seu pseudónimo de "Cristóvão Colombo".
A origem genovesa do navegador é, no entanto, apenas um pormenor, uma das muitas mentiras construídas nesse período. Trata-se de uma gigantesca trama histórica organizada com fins políticos bem definidos e com pleno êxito, como a extensa literatura sobre os factos demonstra quanto à redacção que a História acabou por ter.
O descobridor da América é considerado a segunda pessoa mais conhecida do mundo e também a segunda sobre quem mais se escreveu até hoje, logo a seguir a Cristo.
Envolto em mistérios, que incluíam a sua própria identidade e origem, o navegador foi polémico em vida, bateu o pé a monarcas e afrontou a própria Igreja, no debate do seu mais valioso tesouro: o conhecimento.
Nunca foi considerado espanhol - aliás, os textos espanhóis classificam-no sempre como "um estrangeiro em Espanha" - mas tem-se tentado fazer crer que seria italiano, nascido em Génova, teoria ora desacreditada, com base em factos históricos não muito difíceis de assertar.
O COLOMBO ITALIANO
A confusão, baseada numa querela sobre heranças que originou um testamento toscamente falsificado, assenta na existência, essa provada, de um tecelão genovês de nome Cristophoro Columbo, que imigrou para o nosso país em 1476. É interessante cruzar esse facto com uma carta enviada por Toscanelli ao navegador, para Portugal… em 1474. Também, Bartolomé de la Casas conta que Cristóvão se queixou ao Rei Fernando de Aragão que tinha passado 14 anos a tentar obter o apoio da coroa portuguesa para o seu projecto - Colon abandonou Portugal em 1484, o que significa que em 1470 já cá estava e só seis anos depois o tecelão genovês deixou o seu país, isso são os próprios documentos notariais genoveses que o atestam.
Portanto, é simples perceber que o tecelão genovês e o navegador são duas pessoas diferentes.
O NOME Sabendo-se hoje que "Cristóvão Colombo" foi um pseudónimo, a verdade é que "Colombo" nunca ele se chamou, mas sim "Colon", como é referido em todos os documentos da época. Uma das teorias mais populares é que terá ido para Castela como espião do Rei D. João II, mas então porque não se lhe conhece um nome "de facto" desde que nasceu? Outro mistério: porque não se interessou Portugal pela proposta descobridora de Cristóvão, numa ocasião em que todas as suas prioridades estavam voltadas para os Descobrimentos e acabou o navegador por oferecer os seus serviços à coroa espanhola? Outro ainda: porque se lhe sabem todos os passos desde que chegou a Espanha com o plano da viagem e até que a concretizou em 1492 - todos os documentos, todas as relações, até à sua morte em 20 de maio de 1506… mas nada anterior a isso? Sabe-se que esteve em Portugal, mas não há registos... Porquê? O MISTÉRIO A resposta só pode ser uma, de extrema simplicidade: porque se está à procura do nome errado! Em determinada altura da sua vida, ele teve que mudar de nome e criar um pseudónimo - portanto, quaisquer referências anteriores a isso seriam com outro nome. Por outro lado, não menos importante: um homem claramente de sangue nobre (ou não teria acesso aos mais altos círculos da nobreza de dois países, como teve), não desaparece de repente sem o conhecimento e cooperação de, pelo menos, dois tipos de pessoas: as que detêm o poder e as de sua família. Isso terá decerto ajudado a que, tanto umas como outras, tenham contribuído para que quaisquer referências à identidade desaparecida, quer documentais quer orais, fossem escondidas, destruídas ou omitidas a partir daí. Mas porquê toda esta trama? Decerto a nobreza mais influente do mundo não ia envolver-se na fantasia de alguém que decide mudar de nome… a menos que fosse parte interessada. A explicação está na história dos descobrimentos.
Porque já sabia que existiam terras a ocidente e que estas não eram a Índia das riquezas mas apenas um belo continente de povos seminus, muita vegetação e pouco ouro.
E como sabia?
Porque conhecia viagens anteriores às Américas, feitas em segredo.
Desiludido com as recusas dos reis espanhóis em aceitar o seu plano, o navegador escreveu ao monarca português a pedir perdão e este aproveitou de imediato e respondeu-lhe para Sevilha, perdoando-lhe, convidando-o a voltar e garantindo-lhe a segurança. Chamou-lhe "xpovam collon, nosso espicial amigo en sevilla" e esclareceu: "porque por ventura terees algum reçeo das nossas justiças por razam de algumas cousas a que sejaaes obligado, nós por esta nossa carta vos seguramos polla vinda, estada, e tornada, que não sejaaes preso, reteudo, acusado, citado, nem demandado por nenhuma cousa ora que seja civil ou crime, de qualquer qualidade".
Em 1488, Cristóvão vem a Lisboa e encontra-se com o Rei, mas descobre, com surpresa, que ele não o apoiará numa expedição para ocidente, embora não lhe explique porquê, mas… outra surpresa, promete-lhe todo o apoio, em segredo, para convencer os reis católicos a contratá-lo...
UM PLANO BEM URDIDO
Portugal era então o centro cultural do mundo. Esse homem extraordinário que foi o Infante D. Henrique, o verdadeiro "pai" da globalização que hoje está tão na moda e que a iniciou, tinha montado em Sagres a melhor academia que jamais existira, rodeando-se de sábios de renome, incluindo muçulmanos e judeus, que contratava e a quem pagava ordenados.
Foi nessa ocasião que Bartolomeu Dias regressou a Lisboa com a notícia de ter dobrado o Cabo da Boa Esperança, o que confirmou o que o rei já sabia: que era por aí que chegaria à Índia. Mas sucedeu uma coisa estranha: isto foi em 1488 e Portugal só enviou Vasco da Gama dez anos depois... porquê?
A resposta explica porque D. João II precisava de Colon.
TORDESILHAS
Uma vez conseguido o acesso às riquezas da Índia, Castela iria querer uma fatia e tentaria obtê-la a todo o custo, nem que fosse através da guerra.
O Tratado de Alcáçovas/Toledo definia a posse dos territórios, dava as Canárias a Castela e a Portugal a Madeira, os Açores e a costa africana "até aos índios", mas ficava-se por aí.
Era preciso que os espanhóis, que tinham conspirado contra a coroa portuguesa, não quisessem também deitar a mão à Índia - para isso era preciso que se convencessem que a tinham conquistado, mesmo que fosse mentira - era aí que entrava Colon. Mas era preciso que não restassem dúvidas legais quanto à posse das terras, portanto era preciso um novo Tratado.
Foi assim que nasceu o Tratado de Tordesilhas.
Mas para lá chegar, foi necessário primeiro que Castela fizesse a sua grande descoberta, que aconteceu em 1492, com a chegada de Colon à terra que Castela julgava ser a Índia mas Portugal sabia que não era.
Bom, onde é que ele arranjou esse dinheiro?
Constou que banqueiros o financiaram, mas então porque é que nunca nenhum apareceu depois a reclamar os lucros?
Por outras palavras, só pode ter sido o rei português a fornecer os fundos em falta, para garantir o plano… mas não existem provas disso, é claro.
Existem, sim, provas do grande empenhamento do monarca na concretização da viagem, ao ponto de ter enviado a Cristóvão, no dia 1 de agosto, dois dias antes da partida da expedição, um precioso instrumento científico de navegação em hebraico, o "Roteiro Calendário", ou "Tábuas de Declinação do Sol".
Parece generosidade a mais... a menos que houvesse um motivo forte...
No entanto, a primeira afirmação parece verdade, com base numa acta notarial genovesa de 1470 que refere um "Cristoforo Colombo, figlio di Domenico, maggiori di diciannove anni"... portanto, o rapaz existiu e nasceu, de facto, em 1451.
Mas não falemos desse imigrante que decerto terá tido acesso a qualquer tasca lisboeta (depois de 1476, que foi quando chegou cá), embora nunca aos paços reais, como é óbvio, muito menos à cama nobre onde fez um filho a D. Filipa Moniz Perestrelo.
DATA DE NASCIMENTO
Segundo o próprio Colon, ele terá nascido em 1447. No Diário de Bordo do Santa Maria escreveu: "yo he andado veinte y três años en la mar, sin salir della tiempo que se haya de contar". Este assento data de 21 de dezembro de 1492, durante a primeira viagem: 23 no mar mais 8 em Castela, mais 14 até à idade de poder navegar, tinha 45, portanto nasceu em 1447. Nove anos depois (teria portanto 54) numa carta aos reis católicos escrita em 1501, comenta assim a sua condição de navegador: "ya pasan de quarenta años que yo voy en este uso" - com os 14 de infância, aí estão os 54, em 1501 - logo, nascido em 1447.
Duas referências pelo próprio.
Recuemos então meio século e olhemos para o Alentejo.
Era nesse tempo Duque de Beja o Infante D. Fernando, filho de D. Duarte, sobrinho do Infante D. Henrique, de quem foi nomeado herdeiro e de quem recebeu o título de Duque de Viseu. Dos nove filhos que sua prima Beatriz lhe deu, Leonor viria a ser Rainha, por casamento com D. João II e Manuel viria a ser Rei, o tal que enviou Vasco da Gama para a Índia. D. Fernando era, portanto, um nobre de cinco estrelas.
FEITO NO ALENTEJO
Como, porém, o Herman José ainda não tinha nascido para lhe chamar "teenager inconsciente", o rapaz prendeu-se de amores (ou de calores, não se sabe), para aí um ano antes da prima, com uma rapariguinha de boas famílias, filha de João Gonçalves Zarco, cavaleiro do reino e descobridor de Porto Santo e da Madeira… e zás, a moça engravida. Chamava-se Isabel Gonçalves Zarco.
O Dr. Manuel Luciano da Silva diz na página 61 do seu livro que o produto dessa relação "foi baptizado" com o nome de Salvador Fernandes Zarco - suponho que tenha simplesmente usado uma conjugação do verbo "baptizar" com o significado de "dar um nome", uma vez que nesses tempos era muito complicado fazer o correspondente acto religioso a um filho ilegítimo, tanto mais que o avô era sefardita, ou seja, tinha sangue judeu (sefardita significa judeu ibérico, derivado da palavra hebraica para Península Ibérica: : sefarad).
RAZÕES PARA O SEGREDO
Portanto, aqui estão duas razões para ser discreto em relação ao nome e às origens: era bastardo e judeu. Há quem pense que "Cristóvão" foi uma maneira de disfarçar essa ligação à família judaica, numa época em que a Inquisição ganhava força - acabou por chegar a Espanha em 1478 e mais tarde a Portugal. Ambos os países expulsaram os judeus: Portugal a 31 de outubro de 1497, Espanha a 3 de agosto de 1492.
Um parêntesis curioso: 3 de agosto de 1492 foi o dia de partida de Colon para o Novo Mundo, do porto de Palos, no sul de Espanha. Na véspera, o navegador mandou toda a sua tripulação estar a bordo até às 23 horas, o que era inédito em termos de marinhagem. Dá para entender?...
Portanto, faz sentido que um sefardita tente disfarçar-se de cristão: Cristóvao é aquele que carrega Cristo (segundo a lenda, S. Cristóvão atravessou o rio com menino Jesus às costas).
CUBA DO ALENTEJO
Nestas circunstâncias, o Infante D. Fernando fez o que os nobres faziam: despachou a moça para "longe" de Beja para ter o rebento. Foi assim que ela foi parar 20 quilómetros mais a norte, a uma terra chamada Cuba, onde o rapaz nasceu...
Quando, em 27 de outubro de 1492, Colon descobriu a ilha a que chamou Cuba, disse que era "o lugar mais bonito do mundo" - será que foi só pela sua beleza ou cedeu à tradição portuguesa de chamar ao sítio onde nascemos "o mais bonito do mundo"?...
Como era usual em nominativos, este começa por um louvor a Cristo, em latim: Santus. Sanctus, Altissimus, Sanctus - ainda hoje a Igreja usa esta repetição de "Sanctus". Na segunda linha, o "X" de cruzamento conduz às iniciais de "Maria" e José": X M Y: Filho de Maria e José. Esta é uma interpretação possível, mas José Rodrigues dos Santos adianta outra, em "O Codex 632", que pode ser uma leitura derivada de estudos da Cabala pelos Templários, em que as duas linhas superiores representam a trindade, com o "Altissimus" a indicar que a leitura ascende da matéria para o espírito, da terceira linha para as superiores, correspondendo-se as letras. Seria então Sanctus. Sanctus, Altissimus, Sanctus. Xristus Messias Yesus. Esta é a leitura que um templário cristão faria. Mas estamos perante o aparente disfarce de um judeu sefardita… imaginemos então, em hebraico: "S" seria o shin de Shaday, um nome de Deus, "A" o álefe de Adonai, outro nome de Deus, portanto, Shaday. Shaday Adonai Shaday (Senhor, Senhor Deus Senhor). A última linha, lida da direita para a esquerda, como deve ser em hebraico, daria "YMX": "Y" de Yehovah, "m" de maleh e "x" de xessed: Yeovah maleh xessed, uma prece judaica: "Deus cheio de piedade".
Duas leituras sobrepostas.
Mas há mais.
Se lermos a terceira linha em hebraico mas da esquerda para a direita, obtemos "xmi" ou "shmi", que quer dizer "o meu nome" e se depois voltarmos à regra hebraica e lermos da direita para a esquerda, como uma palavra, ficamos com "Ymx" ou "Ymach" - finalmente, as duas leituras seguidas, da direita para a esquerda e da esquerda para a direita: "ymach shmi". Isto, em hebraico, significa "que o meu nome seja apagado"!...
Mas vamos a ele, ao nome, ou melhor, os nomes.
UMA LINHA, DOIS NOMES
Comecemos por Cristóvão Colon:
Os sinais gregos ":" e "./" correspondem aos actuais "dois pontos" e "virgula, ou ponto e vírgula" - são separadores e chamam-se, em grego "Colon". O primeiro indica que a frase está contida entre "Colons", portanto que haverá um segundo, a fechá-la. "Xpo" significa Cristo, em grego. Ferens é uma forma do verbo latino "fero", que significa "transportar através de um vão, como um rio", portanto Xpoferens ou Cristovão, que em português quinhentista seria Cristoforo ou Cristofõm. Portanto aqui está o "nome de guerra": Colon Cristofõm Colon. "fõm" é um sufixo português que veio a derivar para o actual "vão". Quanto à inclusão de "Cristo" no nome, coisa que nenhum judeu toleraria, a menos que fosse para disfarçar a origem judaica, o navegador tivera o cuidado, em hebraico, de introduzir a indicação de que "o nome deveria ser apagado".
Agora, já que nesta sigla tudo se lê em duplicado, onde está Salvador Fernandes Zarco? Vejamos:
Voltamos ao grego "Xpo" - Cristo é sempre referido como o "Salvador", portanto, nada mais transparente. A seguir vem "ferens" - é uma forma frequentíssima, muito usada na idade média, de abreviar "Fernandes" ou "Fernandez". Finalmente, repare-se no "S" final - tem uma forma estranha, mas que deixa de o ser se a invertermos: ficaremos perante a décima letra do alfabeto hebraico, "Lamed"... que significa "Membro, Falo, Zarco"… "Colon", em grego, significa também "Membro, Falo, Zarco"... e esta?
A propósito, como é sabido, "Fernandes" significa "filho de Fernando" e nas situações como a do filho de Fernando e Isabel, era usual o varão tomar o apelido da mãe.
Portanto, cá está o Salvador Fernandes Zarco.
Quanto a demonstrar a sua portugalidade, parece suficiente, mas muito mais poderia ser acrescentado: por exemplo, o Papa Alexandre VI, numa bula de 1493, toda em latim, escreve o nome dele em português:
E como se vê não lhe chama Colombo, mas Colon. Noutra bula, no ano seguinte, redige "Cristofõm".
Isto é português: "Cristo" sem "h" e "fõm" com til - não havia, nem há, nenhuma língua no mundo que acentue o "o" com um "til" - apenas o português.
Outros testemunhos:
Investigador espanhol Altolaguirre y Duval: "o dialectismo colombino é seguramente português";
Historiador Menéndez Pidal: "o seu vocalismo tende para o português";
Investigador judeu Simon Wiesenthal: "testemunhas dizem que falava castelhano com sotaque português".
No "Pleyto de la Prioridad", duas testemunhas, Hernán Camacho e Alonso Belas chamam ao Almirante "o infante de Portugal";
O espanhol Ricardo Beltrán y Rózpide, presidente da Real Sociedad de Geografia, escreveu "el descobridor de América no nació en Génova", acrescentando que tinha nascido algures entre os cabos Ortegal (Galiza) e San Vicente (Algarve).
outubro do ano anterior - tão descuidada foi a falsificação. O tribunal entregou a herança a D. Nuno de Portugal, neto do filho português de Colon.
Para quem escondia as suas origens sem as negar, ainda um outro monograma, que Colon colocou no início das últimas doze cartas ao filho Diogo (na imagem, por cima de "muy caro filo") - trata-se de um monograma judaico, formado pelas letras hei e beth. Lido da direita para a esquerda, "beth hei" corresponde à saudação judaica "Baruch haschem": "Louvado seja o Senhor" e pode também ser lido como uma bênção "Deus te abençoe".
Portanto, através da análise do ADN de um parente masculino de Cristóvão Colon, pode fazer-se uma comparação com análise semelhante dos portugueses que se acredita serem seus familiares - se o cromossoma Y for igual, bingo!
Conclusão: 477 resultados negativos. Nenhum era parente do navegador.
Está cientificamente provado que Cristóvão Colon não era italiano, nem francês, nem espanhol !
Será de perguntar... que seria então?
Mesmo para além de todas as provas documentais que existem, a resposta salta aos olhos, não é verdade?
Formou-se uma equipa em Portugal, dirigida pela professora Eugénia Guedes da Cunha, antropologista da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e pelo professor Francisco Corte Real, do Instituto de Medicina Legal. Essa equipa integra técnicos nacionais e antropologistas da Universidade de Granada, que pretendem analisar restos mortais de nobres portugueses.
Com a aprovação do Arcebispo de Coimbra, a Delegação do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) autorizou o projecto, mas um grupo de cientistas que integrava o antropólogo forense Miguel Botella, de Granada, foi impedida de o concretizar.
A Universidade de Coimbra apresentou ao governo um novo pedido, mas foi bloqueado pela direcção nacional do IPPAR e pela Ministra da Cultura, sem resultados até ao momento, segundo declarações do Dr. Manuel Luciano da Silva, há poucos dias, por telefone, que desabafou: "Nenhum governo pode bloquear o avanço da ciência e a pesquisa da História!"
FÉRIAS EM PORTUGAL
Uma última curiosidade, já agora.
Aqui fica um relato interessantíssimo e muito pouco conhecido.
Depois da tão almejada descoberta do Mundo Novo, na viagem de regresso, seria natural supor que o almirante estivesse ansioso por dar as boas novas aos reis espanhois.
No entanto, ao invés de rumar directo a Castela, apanha uma tempestade que o leva para os Açores.
Logo a seguir, nova tempestade e… quem diria, vai parar a Lisboa!
Chega ao Restelo a 4 de março de 1493 e pede para falar com o Rei, que só o recebeu cinco dias depois, porque estava na Azambuja, fugido da peste.
Passou três dias com D. João II.
Quando partiu, a 11 de novembro, não regressou à nau, foi até Vila Franca de Xira visitar a Rainha, com quem esteve até à noite.
Depois disso, foi dormir a Alhandra.
Voltou a embarcar no dia 13.
Nova etapa… desta vez até Faro, onde esteve até à noite do dia 14, isto com uma tripulação espanhola ansiosa por regressar a casa e desconfiada destas andanças, os reis católicos à espera de saber que o Novo Mundo tinha sido descoberto e lhes pertencia… e ele a passear-se por Portugal!
Estranho, não é verdade?...
CONCLUSÃO
E pronto!
Está contada a história - não a História, que essa continua coxa.
Não foi fácil resumir em sete páginas o que ocupou já milhões delas, das quais uns milhares serviram para enriquecer o meu conhecimento e para me trazer a consciência de que estou a ser enganado pelos doutos defensores de causas próprias que fazem sobre o passado as páginas com que mentem ao futuro, mas também pelos preguiçosos que soçobram ao pânico do trabalho que daria emendá-las.
Não será enredo de novela nem tem o sexo e a violência que deliciam plateias, mas é a História que fica do que aconteceu até sermos o que somos hoje e de como cá chegámos...
... mas continuo a pensar que a verdade é sempre mais bonita que a mentira!
Portanto, acabo com as palavras com que iniciei a abordagem a este assunto: MUTATIS MUTANDIS, que é uma expressão em latim que significa "MUDE-SE O QUE TEM QUE SER MUDADO"!
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© PEDRO LARANJEIRA |
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