Um frenesim laranja fez notícia durante algum tempo, enquanto Mendes cedia a Menezes e Santana regressava à ribalta.
Muita coisa tem acontecido entretanto, no charme discreto da oposição. O governo que se cuide, há por aí surpresas na manga.
O médico de Gaia não tem sido bem compreendido, a imprensa habituou-se a protagonismos diferentes.
Crivaram-no de rótulos, que foram do "populismo" à interessante caracterização de que tem "killer instinct".
Quase todos, porém, o olharam como o potencial "mau da fita", neste cenário hiper-socratizado.
Mesmo quando já nada havia a inventar, inventaram a "liderança bicéfala do Partido"... mas Menezes e Santana têm metas políticas diferentes, num futuro em metódica construção, que lhes permite caminhos paralelos - podem perfeitamente ser complementares.
Quem leu sobre Santana Lopes no primeiro número da Perspectiva, ou sobre Luís Filipe Menezes no quarto, percebe logo.
Uma coisa é certa: vem aí uma nova era. Boa ou má, veremos. Mas há muito tempo que não via um líder político ganhar uma eleição e fazer um discurso que não fosse o da vitória - este foi uma tranquilidade, de quem sabia que ia ser assim e como ia ser a seguir. O que Paulo Bento diz, Menezes faz: tranquilidade!
Ainda me lembro de o ouvir dizer que quem quiser um político perfeito não vote nele, porque é humano e comete erros... com a dignidade de os reconhecer e a lucidez de aprender com eles. Isso é popular, não populista...
Também disse que a gestão (exemplar) que fez de Gaia podia ser aplicada ao país, também disse que seria candidato a 2009, mas acima de tudo - e isso não esquecerei - respondeu à minha pergunta "quanto tempo demora a colocar Portugal na linha da frente" (a frase foi "arrumar a casa") com a declaração concreta e peremptória: "Um mandato e meio, seis anos!"
Se vier a puxar o tapete a Sócrates, disso o farei refém: disse-mo em público, deve-o aos portugueses!
Pedro Laranjeira
Director Editorial
Revista Perspectiva
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