PÁGINA DE IMPRENSA DE PEDRO LARANJEIRA

8 junho 2007

CHEIRA A LISBOA

Lisboa domina tudo, principalmente conversas e conjecturas.

Como é hábito em política, a opinião pública tenta agora perceber o que é genuíno e o que são promessas.

Mas Lisboa tem contornos muito mais profundos (quiçá misteriosos) que qualquer outro acto eleitoral.

Como se tem visto, por detrás do que se diz existe aquilo de que não se fala e ao cidadão, desde o mais pacato e desinformado ao mais interventivo e inflamado, escapa muitas vezes qualquer coisa.

As pessoas interrogam-se: porquê tantos candidatos? É verdade que mesmo quem sabe que não pode ganhar usa a campanha como espaço de debate público, mas porquê a não junção de esforços, que no passado permitiu governar a cidade?

A questão dos portugueses é entender os porquês: qual é o fogo de cada fumo.

O Carmona na corrida, toda a gente percebe, o Seara fora dela, também. A arquitecta faz todo o sentido, compreendem-se muitas das razões dos outros... mas permanece, no geral, um mistério que tem sido origem de muitas e coloridas conjecturas: o candidato a quem as sondagens prevêem vitória.

Porque é que o número dois do governo, a quem chamavam "super-ministro", deixa um "super-poder" para outro aparentemente menor?

Tanto mais que não costuma ocupar um cargo mais que três anos...

À frente de Lisboa, fora do governo e do aparelho de poder do partido, estaria em boa posição para vir a tentar mudar Belém, por exemplo... ou numa boa faixa de ultrapassagem sobre uma liderança desgastada pelo poder, o que nunca lhe seria possível como número dois, mas estaria ao alcance de um líder renovado e de fora. Não seria uma traição ao número um, seria a salvação do partido.

Lisboa é rampa de lançamento para estes voos, Santana a Primeiro, Sampaio a Presidente.

Mas pode, claro, ser também uma forte e genuína aposta em Lisboa...

Esperemos para ver...

Pedro Laranjeira

Director Editorial

Revista Perspectiva

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