Uma iniciativa para ponderar surge agora na União Europeia.
Não, não se trata de legalizar a prostituição ou o consumo de drogas pesadas, regulamentar a eutanásia ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo... nem a Europa dos 27 conseguiria neste momento consensos que lhe permitissem tais abordagens, não, trata-se de algo bem mais singelo: oficializar os "lobbies".
Por outras palavras: pretende-se conhecer a identidade e as intenções dos grupos de pressão.
Sabendo-se que, por definição, os "lobbies" procuram influenciar essencialmente decisões do poder público, legislativo, executivo e judicial, o que fazem (também por definição) de forma aberta ou secreta, sendo a própria comunicação social um alvo primário inevitável, pergunta-se: como vai a União Europeia separar o legítimo do encapotado?
Em países onde o "lobby" é reconhecido e regulado por legislação adequada, como nos Estados Unidos, descobrem-se continuamente casos escandalosos de corrupção derivados dessa actividade - e só chegam à luz os poucos que o público conhece porque algumas comadres se zangaram e alguém pôs a boca no trombone.
Ainda por cima, a EU prevê que a oficialização destes grupos - pasme-se - seja feita de forma voluntária!
Ora, quem tiver as mais legítimas intenções vai com certeza inscrever-se, porque não?...
...e os outros, os que pressionam em segredo, os que têm propósitos inconfessados, os que não olham a corrumeios para atingir corrobjectivos?... Alguém acredita que vão pacificamente fazer a inscriçãozinha dos seus tenebrosos intentos - ou mesmo da sua encapotada existência - nos gabinetes da União?...
Finalmente: vai fazer-se um "Código Deontológico" que regulamenta o funcionamento dos "lobbies" e irá prever coimas e sanções por incumprimento - aos voluntários inscritos, claro.
Como pode desde já antever-se, as filas para estes novos registos vão ser intermináveis!