PÁGINA DE IMPRENSA DE PEDRO LARANJEIRA 5 abril 2007

ENDOENÇAS, uma tradição secular s

53.000 velas iluminaram a noite entre Douro e Tâmega

"Endoenças", que significa "indulgências", é uma tradição religiosa com mais de trezentos anos, em que são perdoados os pecados depois da penitência pascal.

Acontece na noite de 5ª Feira Santa, com uma procissão do Senhor dos Paços e várias manifestações católicas que em certas zonas do país se transformaram já em acontecimentos turísticos que atraem milhares de pessoas.

É o caso de Entre-os Rios, onde há vários anos, por iniciativa da Junta de Turismo, as velas da procissão se têm vindo a estender às janelas, às casas, aos muros dos jardins e às ruas das povoações, fazendo da confluência dos Rios Douro e Tâmega um lugar feérico de luz e encanto.

Milhares de tigelinhas têm sido ex-libris do evento, aumentando todos os anos, até que a própria junta anunciou uma novidade para dar ainda mais grandeza à tradição: tinham-se planeado 45.000 velas para as celebrações de 2007 e depois, à última hora, foi preciso arranjar mais oito mil - foram acesas 53.000, na noite de 5ª para 6ª Feira Santa, com a Junta de Turismo de Entre-os-Rios a apresentar uma candidatura ao "Guiness" para homologação do recorde.

Segundo as tradições, os habitantes do Torrão atravessam a ponte na noite anterior e vão ao outro lado do rio roubar a imagem do Senhor dos Passos, que seguirá na procissão do dia seguinte. Depois da missa, o cortejo sai da Igreja de Santa Clara, com cavaleiros à frente, seguidos pela fanfarra dos bombeiros e muito povo a enquadrar dois andores. Este ano, muitos jovens exibiram cartazes com frases bíblicas, uma novidade introduzida pelo Padre Daniel Quintela, veterano desta cerimónia.

Até 1941, a travessia do rio era feita em barcos, que agora servem de decoração, recortados contra os reflexos de ambas as margens na água, todos iluminados com velas, da proa à ré, do casco ao topo dos mastros. Uma explosão de luz, este ano com seis embarcações no rio.

Já em Entre-os-Rios, a procissão terminou num adro onde houve sermão e bênção dos crentes.

Milhares de pessoas ficaram até depois da meia-noite, presas ao encanto visual de um espectáculo difícil de esquecer.

Texto: Pedro Laranjeira
Fotos: César Soares


© PEDRO LARANJEIRA
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